A falta de conhecimento tem levado a uma crença generalizada que o Levantamento de Peso Olímpico é perigoso e faz mal à saúde.
Quando na verdade, o levantamento olímpico é uma das formas mais seguras e mais eficazes para realizar treino de força. Para esclarecer, vamos ver o que nos dizem alguns estudos efetuados neste âmbito e perceber mais objetivamente se esta modalidade está ou não entre aquelas com maior risco de lesão associado.
Segundo um estudo realizado por Brian P. Hamill, publicado em 1994 pelo Journal of Strength and Conditioning Research, o halterofilismo está entre as modalidades com menor risco de lesão. Veja a tabela abaixo.
Taxas de lesões desportivas em várias modalidades desportivas.
Desporto Lesões (por cada 100 horas de prática)
Futebol (idade escolar) 6,20
Rugby Reino Unido 1,92
Rugby África do Sul 0,70
Basquetebol Reino Unido 1,03
Basquetebol EUA 0,03
Atletismo EUA 0,57
Atletismo Reino Unido 0,26
Squash 0,10
Futebol Americano 0,10
Ginástica EUA 0,044
Ténis Reino Unido 0,07
Powerlifting EUA 0,0027
Ténis EUA 0,001
Voleibol EUA 0,0013
Levantamento de Pesos (treino de força) 0,0035 (85,733 horas)
Levantamento Olímpico 0,0017 (168,551 horas)
A maior preocupação dos pais quando têm que escolher um desporto para os filhos, devia ser o futebol! O risco de lesão vai sempre existir em qualquer coisa que fazemos, seja a rolar na cama ou a levantar qualquer coisa do chão. No entanto, é importante perceber que o mesmo vai variar em função da experiência e educação do treinador – existe sempre um nível de risco vs. benefício em tudo aquilo que prescrevemos. Por este motivo é que é importante ter um acompanhamento de um profissional devidamente qualificado nesta área. O treino físico de qualquer natureza é um serviço profissional.
Outro aspecto que tem afastado muitas pessoas deste tipo de treino é o facto de se passar a mensagem que o levantamento olímpico faz mal às costas – outra assunção falsa que tem sido espalhada de forma aberrante nos ginásios, não só pelos treinadores de bancada, mas também por alguns profissionais da área.
Fatos
Um estudo realizado por Granhed e Morelli em 1988 (podem consultar o abstract aqui) e publicado no American Journal of Sports Medicine, comparou a incidência e prevalência de dores na zona lombar entre a população normal, ex-lutadores e aqueles que faziam halterofilismo. A prevalência de dor na zona lombar foi maior nos ex-lutadores (53%), seguindo-se a população normal (31%) e o grupo que fez halterofilismo (23%).
Aqueles que fizeram halterofilismo tiveram menos 8% de probabilidades de sofrer de uma lesão na região lombar.
Um estudo realizado por Stone M.H. em 1990 (que saiu reforçado pelo estudo que vimos no número 1 de Hamill) e publicado pelo jornal Medicine & Science in Sports & Exercise diz-nos que as lesões no treino de halterofilismo e nas competições propriamente ditas são menos prevalentes que em outros desportos tais como: futebol americano, basquetebol, futebol, ginástica, etc.
É perigoso utilizar as técnicas do Levantamento Olímpico entre os mais jovens?
Segundo os melhores treinadores de força e condicionamento do Mundo, o que é perigoso é não utilizar devidamente as técnicas fantásticas do levantamento olímpico para tornar os nossos jovens atletas mais fortes e mais rápidos. Por exemplo, o Michael Boyle (para quem não conhece sugiro que comecem rapidamente a seguir o seu trabalho nesta área – não se fala muito dele nas Universidades) começa a utilizar as técnicas do levantamento olímpico com jovens a partir dos 5 anos. No TPI Junior Performance Center, os movimentos do levantamento olímpico são a fundação de um programa de desenvolvimento atlético a longo prazo e do treino de força.
Existe um medo generalizado de fazer treino de força entre os mais jovens, no entanto isso não passa de outro receio injustificado. Acha que vai fazer mal a algum miúdo de 5 ou 6 anos fazer agachamentos, flexões ou elevações com o próprio peso do corpo? O que faz mal é ver miúdos a jogar futebol ou a correr durante horas completamente descoordenados e sem qualquer noção dos padrões de movimento fundamentais.
Enquanto preparador físico faria sentido aprender estas técnicas para utilizá-las com os meus atletas?
Se a força e a velocidade são importantes na sua modalidade, a resposta é sim, sem dúvida alguma. A prática de halterofilismo ensina o nosso corpo a disparar todas as fibras musculares simultaneamente, melhorando, por essa via, a nossa capacidade de explosão e taxa de produção de força. E o treino de potência (força x velocidade) numa forma de movimento é transferível para outras formas de movimento.
Num estudo efetuado por Tricoli V. e colaboradores, publicado pelo Journal of Strength & Conditioning Research em 2005, um grupo fez vários levantamentos olímpicos (High Pulls, Power Clean, Clean & Jerk) e outro grupo fez exercícios de salto vertical (Saltos com barreiras com uma e duas pernas, Saltos alternados com barreira, etc.). Após oito semanas de treino, o grupo que fez levantamento olímpico teve melhores resultados no sprint de 10 metros e no salto vertical. Da mesma forma foi feito outro estudo (Hoffman, J.R.) entre jogadores de futebol americano, que comparou um programa de powerlifting com um programa de levantamento olímpico, para aferir eventuais melhorias no rendimento atlético. Após 15 semanas, o grupo que fez levantamento olímpico grupo teve uma melhoria significativa no salto vertical e no sprint de 40 metros, quando comparado com o grupo que fez powerlifting.
Tal como suportam os estudos acima, existem muitos benefícios em incluir o treino deste tipo de movimentos num programa de treino que vise o alto rendimento e a melhoria da capacidade atlética. O campeão mundial de natação Ryan Lochte tem obtido bons resultados com este tipo de treino.
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